A que ponto pode chegar a mente de um poeta ? Essa é uma questão interessante por causa do senso comum de brilhantismo que emana de cérebros escravos da beleza interior. Se tratando de Morrison eu acho que as coisas são um pouquinho diferentes, a loucura total como num processo de "conformação" que submete o objeto a extrema força até alcançar a forma desejada por deformação plástica talvez tenha feito com Morrison toda uma metamorfose, expelindo á força através de chás alucinógenos o inconsequente Lizard King.
Obviamente muitas coisas ajudaram na auto destruição induzida a qual se submeteu, da infância com memórias que nunca aconteceram à fama que rapidamente permitiu certas liberdades. Como por exemplo o senso de grandiosidade da qual julgava as pessoas que teriam ou não as portas da percepção abertas para o inexplorado, por que não se casar em um ritual ? por que não mostrar os genitais no meio de um show ? Tudo calcado na teatralidade que rastejava entre o gelo seco, e por que não ir além ? por que não induzir uma platéia inteira a ficar nua ? Bom, a força que movia o impeto do antes tímido frontman sempre foi desconhecida, talvez até dele mesmo.
Moonlight Drive é uma de minhas canções favoritas e consigo olhar através dos olhos de Manzarek direto de um túnel para o passado, algo como uma abertura para outra dimensão, dá para entender a razão do "The Doors". Mesmo anos depois perto do ponto de ruptura onde Jim já não sabia mais se estava compondo ou bebendo a vontade de manter a porta aberta para uma linguagem apenas percebida por Morrison era não apenas questão de dinheiro, mas crença na verdadeira música. Por mais que tentassem controlar a fera selvagem que era o eterno vocalista xamã apenas ficava mais explícito que as palavras de despedida na melodia eram uma profecia poderosa.
"This is the end... of our elaborate plans, the end."
"This is the end... of our elaborate plans, the end."
E a tendência esperada? PIORAR. Situações que assustavam os falsos moralistas que viam Morrison como uma grande praga, um insulto ao jeito americano de ser. Muitos fãs acreditam até os dias de hoje em certas teorias conspiratórias contra o músico, o que teria causado sua morte a exatos 44 anos atrás. Não só na "conspiratória" como na teoria dos grandes astros que tinham dividas a pagar, o famoso débito de almas que cobrava na porta sempre que o número 27 vinha a tona.
Era muitas vezes reconhecido pelo termo "spoken word" (performance artística em que as letras são faladas ao invés de cantadas) já que o usava constantemente junto a poesias improvisadas enquanto o resto da banda mantinha o som em suas apresentações ao vivo. Claramente por suas peripécias teatrais e comportamento bêbado agudo, Jim cravou seu nome na história da música da forma como os grandes astros do rock deveriam sempre fazer, abalando as estruturas até que o palco caia. E isso fica bem claro na sua última mensagem, deixada em sua lápide para os fãs e para qualquer um que acordando para a realidade, adquirisse o desejo de abrir a mente. Mantendo até o fim seu jeito icônico de viver.
"QUEIME SEU DEMÔNIO INTERIOR"
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