SOM DE UMA GERAÇÃO PERDIDA!


 É de longe o jogo que mais influenciou na minha adolescência, o embate causado pelo game no meu círculo de conhecidos gerou muita amizade, competitividade e acima de todos esses, muita diversão. Apesar de parecer escroto esse ser o jogo que definiu uma era da minha vida isso se deve justamente ao impacto que o próprio game em si causou na industria, é claro que eu não sou apenas gamer da famosa franquia da Neversoft com a Activision e a RedOctane (e sim, é o que parece, todo mundo quer uma fatia desse bolo) pelo contrário eu venho desde pequeno do Mario a Final fantasy, de Zelda a Metal gear mas o GH era algo mais social, assim como a era social da própria época que se estende até hoje, com redes sociais febris e toda aquela imagem do juventude rockeira (cheia de posers que se acham os curtidores de som recriminando outras pessoas por ser poser) ou faça você mesmo por tanto que tenha bastantes amigos e etc.

  Já que o assunto aqui é GH o mínimo que eu posso afirmar é que eu fui um jogador mediano da franquia, da classe expert/hyperspeed4 com select sincronizado para a melhor pontuação. Eu apenas o conheci tarde demais, talvez se tivesse sido antes eu teria sido um jogador melhor, apesar de que na época eu fiz tudo o que pude para ficar bom o mais rápido o possível, e foi justamente a competitividade que eu citei ali em cima que foi o grande catalisador que permitiu isso, para leitores da cultura pop era uma parada tipo "Goku e vegeta" só que entre muitas pessoas, acho que isso diz bastante.

 O primeiro contato veio perto do fim do segundo episódio da franquia deixar de ser o mainstream, na época eu já não aguentava mais estar em meio a jogadores e ver a Sweet Child o'mine ser tocada, (não consigo ouvir ela até hoje) ainda bem que os deuses do rock decidiram ser generosos e colocar o episódio 3 entre nós, meros mortais. Guitar hero 3 foi o capítulo que mais me marcou dentre todos os outros e isso se deve ao fato da minha habilidade no jogo ter melhorado em 500% justamente com ele, na época eu não tinha a guitarrinha ainda, e toda essa habilidade foi depositada no Dualshock, uma pena é claro, o trabalho no DS é levemente mais cansativo quando comparado com a guitarra de plástico.
 A situação ficou complicada mesmo quando chegou o natal e estavam todos comendo depois da oração e eu percebi que não tinha participado de nada, justamente pelo GH, não me arrependo ( '-'), naquele dia eu quebrei um record meu na TTFAF (acertei uma sequência meio complicada no pull-off) e como qualquer um pode imaginar isso me motivou pra caralho. Um colega tinha uma guitarra que ele adquiriu pelo mercado livre na época, eu tava meio quebrado então vivia jogando com a dele mas como eu não tinha base, era uma verdadeira bosta. E cara, eu queria muito dominar o jogo na guitarra, além de ser infinitamente mais COOL eu poderia jogar em shoppings e por ai vai. Então peguei emprestada com ele por duas semanas e nesse período eu quase, quase não dormi. Consegui chegar ao expert com HP 2, mérito é claro do excelente Guitar Hero Smash Hits que por ter o repertório inteiro totalmente (do CARALHO) e bem variado com as mecânicas do jogo, me permitiu rapidamente aprender a me virar, isso foi nas férias de julho de um ano que não me recordo agora. Férias que eu passei todos os dias inteiros na frente do meu querido e falecido PS2.

 Vamos falar um pouco do jogo em si, eu acho que a franquia ficou famosa mesmo por causa de ter  transformado uma guitarra em um controle, isso é muito legal. Toda a mecânica do jogo sempre tentando simular um concerto do bom e velho rock n' roll, recebendo bastante ajuda; da Whammy bar até o Star power, tudo moldado para simular o espetáculo mas com claros padrões de vídeo game.
 Mas o espetáculo só poderia levar tudo pro chão com as canções corretas certo? e meus amigos o resultado é bem acima da média. O repertório utilizado foi uma verdadeira miscelânea de subgêneros poderosos que sempre estão presentes dentro do rock, indo de várias bandas independentes até as maiores lendas da industria, e sempre variando tudo isso dos anos 60 até os dias atuais. O que fazia as chances de se tornar popular aumentarem drasticamente, gostar de pelo menos uma música dentro do jogo acendia a fagulha de fazer com que você quisesse OWNAR nela, e isso por consequência faria você se apaixonar não só pelo jogo mas também por todo o repertório, e ainda, aumentando o seu gosto por bandas e subgêneros do mesmo que até então poderiam ser desconhecidas para você.

  Causou um grande impacto cultural na época, tornando-se um verdadeiro "fenômeno". Os jogos da série se tornaram muito populares, o que os levou a serem jogados em uma grande variedade de locais. Vários bares, nos Estados Unidos e Canadá por exemplo, ofereciam festas chamadas popularmente por Guitar Hero Nights, que segundo os donos dos estabelecimentos, faziam o lucro do dia triplicar. O site Salon.com argumentou que a série Guitar Hero é responsável por muitas pessoas gostarem de rock e inspirá-los a aprenderem a tocar guitarra. O artigo também estabelece que os jogos ajudam guitarristas iniciantes aprenderem a sensibilidade do ritmo, bem como desenvolver a destreza manual e a coordenação motora das mãos, para tocarem o instrumento. A série entrou para o Guinness World Records com seus jogadores Chris Chike e Daniel Johnson Poe, por arrecadarem maior números de pontos na canção Through the Fire and Flames da banda DragonForce presente no Guitar Hero III, durante o campeonato mundial. (algo semelhante ao que o Daigo Umehara e o seu Ken fizeram na EVO que apesar de não ter sido uma final deve ser a partida oficial mais lembrada da história (O Guiness reconhece essa luta como o momento mais importante da história dos VG's). 
 Devido ao grande sucesso, grandes empresas, desenvolvedoras de jogos eletrônicos, estão agora com projetos de concorrentes de Guitar Hero, como é o exemplo da própria Harmonix, que agora investe em Rock Band, o principal concorrente da série. O chamado "Efeito Guitar Hero" se espalhou pelo mundo, alcançando as empresas fonográficas. As bandas presentes no repertório dos jogos da série tiveram um significativo aumento no número de álbuns vendidos, principalmente no mundo virtual (Internet). As canções na trilha sonora da série tiveram um grande aumento no número de downloads, como o exemplo da canção Through the Fire and Flames, que de 2 mil downloads semanais, subiu para 230 mil após o lançamento do terceiro jogo da série.


 O tempo passou e muitos anos depois quando eu quase não jogava mais adquiri o Bundle do guitar hero 5 e infelizmente não voltei a jogar.
 Deixando a própria franquia de lado, mal experimentando os novos capítulos  que sucederam até hoje, acho que depois de tantos acertos a Setlist do GH5 não me agradou tanto, cercada de músicas independentes e de baixo calibre quando comparado com os grandes clássicos que já circularam pela franquia. (ainda rezo sempre que posso pela improvável presença de músicas do LED ZEPPELIN, nas futuras incursões da franquia, FIKDIK!) Minha guitarra permanece guardada certinha com todo o carinho que eu posso ter por ela, de vez em quando eu a tiro da caixa e começo o show, apenas para relembrar a diversão proporcionada em mim pelo game. Talvez o novo Guitar hero mude isso, Live tem uma proposta um pouco mais ambiciosa em seu visual e em sua jogabilidade e que se assemelha mais com a experiência de uma guitarra de verdade. Talvez não, as vezes foi só um grito muito ALTO de uma geração que ansiava por algo diferente no mundo dos games. O famoso evento chamado "sacode", mas é inegável o quão influente o jogo foi por toda uma geração.

 LET'S ROCK!
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Autor Pedro Vieira

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